Uma coisa nunca mudou.

Desde que a gente começou a trocar mensagens não paramos mais.

Talk2U
3 min readNov 3, 2020

Por Dani Foscarini
Senior Narrative Designer

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Qual era o seu nick?

Lembro quando eu tinha 12 ou 13 anos e comecei a usar o mIRC. O pessoal se encontrava em canais de bate-papo (como isso soa pré-histórico!) e aproveitava para abrir conversas em pvt — mal sabia eu que isso era uma abreviação de private. Fiz várias amizades naquela época graças ao mIRC. Foi bastante útil para um adolescente envergonhado poder conversar pelo computador.

Interessante lembrar que esse programa com cara de MS-DOS e que hoje que parece bastante rudimentar já tinha features como um gerador de piadas automático (lembro de uma péssima, que perguntava qual é a comida que liga e desliga. R: strogon-off.), além da possibilidade de informar a todos na sala qual música você estava ouvindo (no seu Winamp, provavelmente).

A internet ainda era discada, então a maioria do pessoal esperava bater a meia-noite para pagar apenas o primeiro pulso.

O terror das contas de telefone

Não demorou muito para o MSN surgir e se popularizar. Tchau, mIRC. Agora todo mundo usava aquele programa incrível que permitia a troca de mensagens em uma interface super amigável. Além de compartilhar fotos e arquivos, em uma mistura de conversa e e-mail. Fora outras malandragens do MSN, como os emoticons (eles mesmo!), personalização do seu status (disponível, ocupado ou até offline, ninguém poderia te ver, mas você estava lá) e uma ferramenta um tanto incômoda, o chamar a atenção — o MSN literalmente chacoalhava a tela da outra pessoa para mostrar que você queria falar com ela. Também dava para ativar uma opção que mostrava a todos o que você estava ouvindo — o que me leva a crer que as pessoas querem muito que os outros saibam disso.

O famoso patinho amarelo do MSN

Eu, assim como praticamente todo mundo da minha escola, passava horas ali, chateando. Não dava para imaginar que o MSN também acabaria um dia. O que nem demorou tanto assim.

A verdade é que já presenciamos a vida e morte (e às vezes o renascimento) de um monte de coisas. Antes das redes sociais, cada um tinha seu blog. Antes do Instagram, o pessoal tinha fotolog. Antes do Facebook, nós brasileiros usávamos o Orkut. Antes do Messenger, do Whatsapp e do Telegram, tinha o ICQ, o mIRC e o MSN.

Abro parênteses para outra curiosidade que me vem à cabeça: comprei meu primeiro smartphone por volta de 2012, até então meu celular era um Nokia que hoje parece um artefato paleolítico. Já fazia tempo que as pesquisas indicavam que não tardaria para a maior parte da população acessar a internet pelo telefone (grande parte faria seu primeiro acesso assim). Eu não conseguia conceber como as pessoas perderiam seu tempo usando a internet em aparelhos assim, com uma navegabilidade tão ruim. Pois é. Mas nessa época já existia o iPhone e todos os outros smartphones que vieram na esteira. Eles só demoraram um pouco mais para se popularizar no Brasil. Moral da história, se antes eu e meus amigos passávamos horas trocando mensagem no computador, hoje 99% dos brasileiros que tem celular usam o Whatsapp todos os dias.

Eu tive dois destes celulares. Adivinhe quais. (Getty)

Existe uma grande chance de todos esses apps citados um dia se tornarem obsoletos também. E vai saber qual tecnologia vai ocupar o lugar dos smartphones. Mas independente do que vier pela frente, eu aposto que nós estaremos lá chateando. Mandando vídeos, fotos e áudios. Contando piada. Dizendo a música que estamos ouvindo. E quem sabe do outro lado vai estar uma inteligência artificial.

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